Entenda o que é a "Escrita Afetuosa" e como você pode usá-la para entender seus sentimentos e expressá-los através da escrita.

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Ana Holanda é uma jornalista e escritora, que trabalha com processos de condução de escrita para pessoas e empresas. Seus cursos promovem a chamada "Escrita afetuosa", um jeito de escrever que promove aconchego, trocas e conexão, com um olhar mais voltado para o conteúdo e não tanto para a forma.
Conheci a Ana em uma das cadeiras da faculdade, quando li seu livro Guia da Escrita Afetuosa para os momentos de crise, e senti que de muitas formas, o que Ana abordava em seus livros, mesmo que com o olhar mais voltado para as narrativas, cabia muito naquilo que eu gostaria de promover com a minha escrita. Por isso, decidi trazer para você, caro leitor, minha visão dessa obra, a fim de difundir ainda mais o trabalho tão lindo de Ana Holanda.
A escrita nos ajuda a jogar luz dentro da gente e entender aquilo que, muitas vezes, não conseguimos nominar. - Ana Holanda
O Guia da Escrita Afetuosa para os momentos de crise surgiu a partir desse sentimento da autora de que muito se falava sobre escrita, mas pouco se focava naquilo que realmente importa, o conteúdo, e principalmente, a relação do autor com o conteúdo do seu texto, pois escrever é muito mais do que colocar palavras uma do lado da outra, é preciso que haja uma certa conexão, uma verossimillança. Aquilo que o autor escreve, deve ser de alguma forma, verdadeiro, não no sentido de que nossas histórias não podem ser inventadas, mas que elas devem partir de um lugar que faça algum sentido dentro de nós mesmos, pois ninguém gosta de ser enganado, nem mesmo leitores.
E para que a escrita seja verdadeira, ela deve partir de um lugar de aconchego, onde o autor se sente seguro para falar sobre aquilo que existe em seu íntimo, e para que ele possa estender esse sentimento para o leitor, criando com ele uma conexão forte e verdadeira. Por isso, Ana diz, nem sempre a frase "você precisa escrever sobre isso" é verdadeira, pois existem sentimentos muito difíceis de serem expressados, aqueles que não nos sentimos seguros em compartilhar, por isso é importante saber que não somos obrigados a revelar tudo em forma de escrita.
Escrever não é apenas sobre técnica ou sobre regras. É sobre a vida. E isso é algo que não é dito pra gente. A escrita nasceu para ser encontro com o outro, ponte, conexão. E só encontramos o outro quando, primeiro, a gente se reencontra. - Ana Holanda
Para isso, é preciso trocar a palavra técnica por relação, buscar, ao invés de seguir exemplos e moldes prontos, reconhecer a si mesmo como escritor e pensar no que você espera provocar no leitor. A maneira como escrevemos diz muito sobre nossas relações, as maneiras como contamos histórias contam também a nossa história, e é isso que o seu leitor, nesse mundo tão cheio de pessoas que escrevem, vai buscar em você.
Outro ponto necessário para praticar a Escrita Afetuosa é perder o medo de expor, e eu entendo que o primeiro passo é sempre o mais difícil, mas para tornar esse ato de encarar seu íntimo em busca de inspiração mais fácil, a dica de Ana é fantástica: Começar por um lugar de conforto, pegar na mão daquilo que existe de mais reconfortante e acolhedor em você e deixar que isso seja seu guia nessa jornada. Comece por seu entorno, o espaço que você conhece, a louça na pia, a comida no fogão, os livros na estante, se aprorie desse espaço e conte a história daquilo que existe ao seu redor, as escovas de dente na pia, as fotos nas estantes, qualquer coisa que te faça sentir acolhido. Começe por qualquer lugar, por mais inusitado que seja, mas começe, e siga nesse rumo, por mais desafiador que pareça, eu prometo que a satisfação de se reclinar na cadeira ao finalizar um texto faz tudo valer a pena.
Se fosse começar a praticar a escrita afetiva hoje, sobre o que você escreveria primeiro?